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Deficiência de MCAD: conheça a doença

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A deficiência de MCAD pode afetar vários órgãos

Texto por: Nathalia Taniguti

18/08/22

Entenda no post qual a causa, quais os sintomas, a forma de detecção e o tratamento da deficiência de MCAD (acil-CoA desidrogenase de cadeia média).

 

A deficiência de MCAD ou deficiência de ACADM (acil-CoA desidrogenase de cadeia média) é uma doença genética que faz parte do grupo dos Distúrbios da Oxidação dos Ácidos Graxos (DOAG). Caracteriza-se pela incapacidade do organismo em degradar ácidos graxos para a produção de energia. 

Os sintomas, como vômitos e tonturas, ocorrem principalmente em períodos de jejum prolongado. Quando não tratada corretamente, a deficiência de MCAD pode levar a graves consequências para o cérebro, fígado, músculos e outras partes do corpo. Estima-se que, em geral, atinja 1 a cada 50 mil pessoas no mundo.

 

O que são os DOAG (Distúrbios da Oxidação dos Ácidos Graxos)?

DOAG é um conjunto de distúrbios metabólicos genéticos causados pela falta ou deficiência de enzimas específicas que degradam lipídios (ácidos graxos) para a produção de energia na célula. Geralmente a doença manifesta-se ainda na primeira infância. Faz parte do grupo dos erros inatos do metabolismo.

 

Entenda no post a causa, os sintomas, o tratamento e a importância da triagem neonatal para a identificação precoce da deficiência de MCAD.

 

O que é a deficiência de MCAD?

 

A principal fonte de energia do corpo é a glicose, que é metabolizada e gera energia para as células realizarem todas as suas funções. Em períodos de jejum, quando os níveis de glicose diminuem, outras moléculas, como os ácidos graxos, são degradadas para serem usadas como fonte de energia

Enzimas chamadas de acil-CoA-desidrogenase são necessárias para a metabolização dos ácidos graxos na via metabólica que os transforma em energia. Uma dessas enzimas envolvida nesse processo é a acil-CoA-desidrogenase de cadeia média (MCAD). 

Em indivíduos com deficiência de MCAD, essa enzima está ausente ou não funciona corretamente, o que os impede de degradar os ácidos graxos de cadeia média que seriam transformados em energia. Além disso, moléculas de ácidos graxos e os subprodutos das parcialmente degradadas acabam se acumulando e afetando órgãos importantes.

 

Qual é a causa da deficiência de MCAD?

 

A deficiência de MCAD é causada por alterações genéticas (mutações) nas duas cópias do gene ACADM, responsável por produzir a enzima MCAD. Assim, é uma doença genética com padrão de herança autossômica recessiva

Alguns indivíduos podem apresentar alterações genéticas diferentes em cada uma das cópias do gene ACADM, apresentando heterozigose composta. Essas diferentes combinações das mutações mais fatores que alteram o processamento da proteína podem trazer diferenças entre os quadros clínicos dos pacientes.

Portadores, ou seja, indivíduos que possuem apenas uma cópia do gene ACADM alterada, raramente manifestam algum sintoma, mas podem transmitir a mutação para os filhos.

A herança da deficiência de MCAD

 

Quais os sintomas da deficiência de MCAD?

 

Indivíduos com deficiência de MCAD nascem saudáveis e geralmente passam a apresentar os sintomas ainda nos primeiros meses de vida, cerca de 3 meses após o nascimento. A manifestação tardia dos sintomas, em adolescentes e adultos, é rara, mas pode ocorrer.

Os principais sintomas da doença ocorrem após períodos de jejum prolongado ou após episódios de estresse, como infecções e febre, que levam ao aumento do consumo de energia pelo corpo. 

Entre os sintomas mais comuns entre os indivíduos com deficiência de MCAD estão: vômitos, hipoglicemia, letargia, tremores, convulsões, dificuldades para respirar e, em alguns casos, coma. O aumento do fígado também pode ser observado, bem como dor e fraqueza muscular e problemas neurológicos, em indivíduos que já passaram por várias crises da doença ou que não receberam tratamento adequado.

Sintomas da deficiência de MCAD

Fatores como alimentação, estresse e infecções recorrentes ao longo da vida, podem influenciar consideravelmente a história natural da doença.

 

Tratamento

 

O tratamento varia de acordo com as especificidades de cada paciente, incluindo idade e quadro clínico, e tem como objetivo principal reduzir os sintomas e a ocorrência de crises da doença. As medidas de tratamento podem incluir:

  • Evitar longos períodos de jejum (em recém-nascidos e bebês essa recomendação é ainda mais importante, principalmente por causa dos intervalos entre as mamadas).
  • Seguir dietas que considerem a ingestão de alimentos que ajudem a manter o nível de açúcar no sangue.
  • Em episódios de crise, consumir alimentos ricos em açúcar ou suplemento de glicose.

É recomendado que os pacientes tenham sempre em mãos uma carta médica que indique, em caso de emergência, por exemplo, a condição e o tratamento em episódios de crise da doença. 

 

O tratamento de qualquer doença deve sempre ser definido e acompanhado por um médico especialista. Consulte um médico de confiança!

 

Identificação da deficiência de MCAD

 

O prognóstico da doença é bom quando essa é identificada precocemente e o tratamento é seguido pelo paciente.

Os exames geralmente levam em conta os aspectos clínicos do indivíduo e o resultado de testes laboratoriais que consideram, por exemplo, a quantidade de acilcarnitinas no sangue.

A deficiência de MCAD não faz parte do Teste do Pezinho do SUS (Sistema Único de Saúde), que testa apenas seis doenças (fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase). A doença é triada em algumas versões expandidas do Teste do Pezinho que usam espectrometria de massa em tandem (MS/MS)

A deficiência de MCAD também pode ser identificada por testes genéticos, sendo a forma mais precisa de identificar a doença, tanto em indivíduos assintomáticos (por teste de triagem, como o Teste da Bochechinha) quanto em pacientes que tenham algum sintoma da doença (por teste de diagnóstico). 

Indivíduos com heterozigose composta podem não ser identificados pelo Teste do Pezinho expandido/ampliado. Além disso, os exames genéticos se mostram muito importantes para uma identificação assertiva, já que existem outras doenças com sintomas parecidos, que também são relacionadas com a degradação dos ácidos graxos.

 

Teste da Bochechinha e a deficiência de MCAD

 

O Teste da Bochechinha foi o primeiro teste neonatal genético desenvolvido na América Latina e investiga mais de 340 doenças tratáveis que podem se manifestar ainda na primeira infância, inclusive a deficiência de MCAD

A partir de uma amostra de saliva, coletada de forma simples, rápida e indolor, é possível analisar o DNA do recém-nascido, em busca de alterações genéticas associadas a diversas doenças.

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem, que usa a tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS), e que complementa o Teste do Pezinho oferecido pelo SUS.

 

Por se tratar de um teste de triagem, não há necessidade de pedido médico para a realização do Teste da Bochechinha, mas reforçamos a importância do acompanhamento especializado durante o desenvolvimento do recém-nascido.

 

Recém-nascidos com alto risco de desenvolver deficiência de MCAD podem iniciar o acompanhamento e o tratamento médico mais cedo, tendo mais qualidade de vida.

 

Meu paciente tem suspeita de deficiência de MCAD. Posso solicitar o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?

 

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem. Indivíduos de qualquer idade que apresentem sintomas relacionados à deficiência de MCAD devem realizar um exame de diagnóstico para confirmar uma suspeita médica.

A Mendelics, laboratório pioneiro em análise genômica na América Latina e que criou o Teste da Bochechinha, oferece exames de diagnóstico genético, inclusive o Painel de Doenças Tratáveis que inclui o gene ACDM

 

Todo exame de diagnóstico genético precisa de um pedido médico para ser realizado.

 

Está com dúvidas sobre a deficiência de MCAD ou sobre o Teste da Bochechinha? Deixe nos comentários ou entre em contato conosco pelo site ou pelo telefone (11) 5096 – 6001.

Você é médico e quer oferecer o Teste do Bochechinha para seus pacientes? Converse com a gente e seja nosso parceiro.

 

Revisão

O que é deficiência de MCAD?

É uma doença genética que causa incapacidade de degradar ácidos graxos de cadeia média para gerar energia, por causa da deficiência da enzima MCAD (acil-CoA desidrogenase de cadeia média).

O que causa a deficiência de MCAD?

A deficiência de MCAD é causada por alterações genéticas (mutações) nas duas cópias do gene ACADM, responsável por produzir a enzima MCAD.

Quais os sintomas da deficiência de MCAD?

Os sintomas mais comuns incluem vômitos, hipoglicemia, letargia, tremores, convulsões, dificuldades para respirar e, em alguns casos, coma.

Como a deficiência de MCAD pode ser detectada?

Por testes laboratoriais e teste genéticos, tanto de diagnóstico quanto de triagem neonatal, como o Teste da Bochechinha oferecido pela Mendelics. A deficiência de MCAD não é triada pelo Teste do Pezinho do SUS.


Referências

4 Comentários

  1. Victoria Alves

    Qual é o Papel do Nutricionista no Manejo da Doença MCAD?

    Responder
    • Nathalia Taniguti

      Olá, Victoria!
      Agradecemos seu comentário. O manejo da doença varia de acordo com cada paciente, suas manifestações clínicas e sua idade. De maneira geral, o objetivo é reduzir os sintomas e isso pode incluir o acompanhamento do paciente por um nutricionista que indique uma dieta adequada que considere, por exemplo, evitar longos períodos de jejum e possibilite a ingestão de alimentos para manter o nível de açúcar no sangue, como mencionado no post. Reforçamos que todo tratamento deve ser acompanhado e indicado por especialistas. Estamos à disposição!

      Responder
  2. Victoria Alves

    Quem é o mais afetado com a Deficiência de MCAD?

    Responder
    • Nathalia Taniguti

      Olá, Victoria!
      Agradecemos seu comentário. A prevalência da doença varia entre diferentes populações. Em indivíduos com ascendência do Norte da Europa, por exemplo, a doença pode ser mais comum. Caso queira saber mais sobre a doença e a prevalência em diferentes populações, recomendamos esse material do NCBI: GeneReviews.
      Estamos à disposição!

      Responder

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