logo tipo epd
Início » Doenças e Tratamentos » Fenilcetonúria: o que é, sintomas e tratamento

Fenilcetonúria: o que é, sintomas e tratamento

Compartilhe:

ilustração de um bebê com pele, olhos e cabelos claros

Texto por: Nathalia Taniguti

17/06/21

O que é Fenilcetonúria?

A fenilcetonúria é uma doença rara, que atinge cerca de 1 a cada 30.000 brasileiros, sendo caracterizada pelo aumento nos níveis do aminoácido fenilalanina no sangue, cérebro e outras partes do organismo.

Esse aminoácido não é produzido naturalmente pelo nosso organismo e, por isso, precisa ser obtido através da alimentação. Após ser ingerida, a fenilalanina é processada pela enzima fenilalanina hidroxilase (PAH).

Pessoas com fenilcetonúria possuem falta ou deficiência dessa enzima, fazendo com que a fenilalanina se acumule no organismo.

Quais os sintomas da Fenilcetonúria?

A fenilcetonúria se manifesta de três formas diferentes dependendo da atividade da enzima PAH:

  • Fenilcetonúria clássica: é a forma mais grave e ocorre quando a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase é quase nula (inferior a 1%). Se não tratada, pode causar atraso dos marcos de desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual permanente, pele, olhos e cabelos muito claros, eczema, convulsões, distúrbios psiquiátricos, entre outros.
  • Fenilcetonúria leve: ocorre quando a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase é de 1 a 3%. Esses casos possuem menor risco de desenvolver problemas neurológicos permanentes, mas ainda apresentam sintomas como ansiedade, irritabilidade, falta de concentração, entre outros quadros mais leves de sintomas clássicos.
  • Fenilcetonúria variante (ou Hiperfenilalaninemia transitória ou permanente): ocorre  quando a atividade enzimática é superior a 3%. É considerada uma condição benigna que não necessita de intervenção.

O que causa a Fenilcetonúria?

A fenilcetonúria é um erro inato do metabolismo causado por alterações nas duas cópias (materna e paterna) do gene PAH, que fornece as instruções para produzir a enzima fenilalanina hidroxilase.  Esta enzima converte fenilalanina em outro aminoácido, a tirosina, que é usada para produzir melanina (pigmento que dá cor aos olhos, cabelos e pele).

Algumas variantes genéticas no gene PAH reduzem a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase, que não consegue processar a fenilalanina eficientemente, fazendo com que esse aminoácido possa atingir níveis tóxicos no sangue, cérebro e em outros tecidos do corpo. 

ilustração mostrando a ação da enzima PAH normal transformando fenilalanina em tirosina e, quando a enzima está alterada, levando ao acúmulo de fenilalanina.

Os neurônios são particularmente sensíveis aos níveis aumentados de fenilalanina, por isso, grandes quantidades deste aminoácido podem causar danos no cérebro, levando aos sintomas neurológicos da fenilcetonúria.

Como a fenilcetonúria é herdada?

A fenilcetonúria tem padrão de herança autossômica recessiva. Portanto, somente pessoas que herdaram as duas cópias alteradas do gene, uma da mãe e outra do pai, desenvolvem a doença.  

Quando a criança herda apenas uma cópia alterada (do pai ou da mãe), considera-se que ela é portadora da doença. Portadores não desenvolvem os sintomas da doença, porém podem transmitir a cópia alterada do gene para seus filhos. 

Como é feito o diagnóstico da fenilcetonúria?

A fenilcetonúria é uma doença analisada no exame do Teste do Pezinho oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no qual realiza-se a dosagem bioquímica da fenilalanina no sangue do recém-nascido.

Para concluir o diagnóstico, as dosagens de fenilalanina devem ser superiores a 10 mg/dL em pelo menos duas amostras laboratoriais distintas.

Algumas mutações no gene PAH  permitem que a enzima retenha alguma atividade e resultam em versões mais leves da fenilcetonúria, que podem ser mais difíceis de detectar no teste bioquímico.

Já o teste genético é capaz de identificar as mutações causadoras da fenilcetonúria, independente da gravidade da doença. 

Como é feito o tratamento da doença?

O tratamento nutricional deve ser mantido durante toda a vida, consistindo em uma dieta controlada, hipoproteica e com baixo teor de fenilalanina, visando manter níveis adequados desse aminoácido no organismo.

Alimentos ricos em proteína que devem ser evitados ou consumidos de forma controlada, segundo o ministério da saúde:

  • Todos os tipos de carne, peixes e ovos.
  • Laticínios (leite e derivados)
  • Grãos e cereais (arroz, aveia, trigo, feijão, lentilha, entre outros)
  • Noz e castanhas
  • Chocolate

Existem versões de alimentos comuns, como arroz e macarrão, que foram criadas especialmente para auxiliar a dieta de pessoas com fenilcetonúria.

Apesar de ser uma doença grave, quando o diagnóstico é precoce, ainda no período neonatal, o tratamento evita o desenvolvimento de deficiência intelectual e outras consequências graves.

Mães que têm fenilcetonúria e não seguem mais uma dieta restrita à fenilalanina têm um risco aumentado de ter filhos com deficiência intelectual, pois o bebê pode ser exposto a níveis muito altos de fenilalanina durante a gestação. Por isso é muito importante que mulheres grávidas ou em planejamento familiar que têm fenilcetonúria sigam a dieta recomendada pelo seu médico.

Importante: É essencial o acompanhamento com nutricionista para que a dieta seja adaptada para cada paciente e suas necessidades específicas. Consulte sempre um médico.

O Teste da Bochechinha detecta a fenilcetonúria?

A fenilcetonúria é uma das mais de 340 doenças analisadas pelo Teste da Bochechinha, o primeiro teste de triagem neonatal genética do Brasil.

Este teste genético analisa diretamente o DNA do bebê e, por isso, consegue identificar qual a mutação no gene PAH que causa a doença.

O Teste da Bochechinha pode ser realizado assim que o bebê nasce, antes mesmo do aparecimento de qualquer sinal clínico da doença. Além disso, a coleta é muito simples, feita por swab bucal.

O Teste da Bochechinha pode ser feito em caso de suspeita de fenilcetonúria?

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal que busca identificar bebês com risco de desenvolver doenças que se manifestam logo nos primeiros meses ou anos de vida.

Quando a criança já manifesta sinais de alguma doença, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. Para o diagnóstico de fenilcetonúria, a Mendelics oferece vários exames que analisam o gene PAH, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis.

É importante ressaltar que exames de diagnóstico, diferentemente dos testes de triagem, só podem ser realizados mediante solicitação e acompanhamento médico.

Tem alguma dúvida sobre o Teste da Bochechinha? Deixe nos comentários ou entre em contato conosco pelo site ou pelo telefone (11) 5096-6001. 

É médico e quer oferecer o Teste da Bochechinha em sua clínica, maternidade ou hospital? Converse com a gente e seja nosso parceiro.

Revisão

O que é fenilcetonúria?

A fenilcetonúria é uma doença rara, que atinge cerca de 1 a cada 30.000 brasileiros, sendo caracterizada pelo aumento nos níveis do aminoácido fenilalanina no sangue, cérebro e outras partes do organismo.

Como a fenilcetonúria é herdada?

A fenilcetonúria tem padrão de herança autossômica recessiva. Portanto, somente pessoas que herdaram as duas cópias alteradas do gene, uma da mãe e outra do pai, desenvolvem a doença.

Quais são os sintomas da fenilcetonúria?

A fenilcetonúria se manifesta de três formas diferentes dependendo da atividade da enzima PAH. A forma clássica da doença, se não tratada, pode causar atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual permanente, pele, olhos e cabelos muito claros, eczema, convulsões, distúrbios psiquiátricos, entre outros. Já a fenilcetonúria leve tem menos risco de desenvolver problemas neurológicos permanentes, mas ainda apresentam sintomas como ansiedade, irritabilidade, falta de concentração, entre outros quadros mais leves de sintomas clássicos.

Referências

0 comentários

Trackbacks/Pingbacks

  1. Forrest Gump: um retrato singular da Deficiência Intelectual - Teste da Bochechinha - […] Conheça mais sobre a Fenilcetonúria nesse artigo. […]

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *