Entenda o que são glicogenoses, quais seus sintomas, causas, possibilidades de tratamentos e a importância da detecção precoce desse grupo de doenças.
As glicogenoses, também chamadas de doenças do armazenamento ou depósito do glicogênio, são um grupo de doenças genéticas hereditárias causadas pela deficiência de enzimas ou de proteínas de transporte envolvidas nas vias de síntese ou degradação do glicogênio.
Os tipos de glicogenoses são diferenciados pela proteína alterada, órgãos afetados, a idade em que se iniciam os sintomas e o prognóstico. A condição, geralmente, causa sintomas nos primeiros meses de vida e, por isso, a detecção precoce torna-se muito importante.
As glicogenoses são classificadas como erros inatos do metabolismo e resultam no mau funcionamento do metabolismo do glicogênio. A incidência geral desse grupo de doenças é estimada em 1 caso a cada 20 mil a 25 mil nascidos vivos.
O que é o glicogênio?O glicogênio é um tipo de carboidrato que constitui uma importante forma de reserva de energia no corpo. Ele é armazenado principalmente no fígado e, quando há necessidade de produção de energia, enzimas específicas agem degradando o glicogênio em glicose, que é liberada no sangue. Em outra via metabólica, a glicose obtida pela alimentação pode formar moléculas de glicogênio, pela ação de outras enzimas. |
O que causa as glicogenoses?
As glicogenoses são causadas por variantes patogênicas presentes em genes que codificam enzimas ou proteínas de transporte que atuam no metabolismo do glicogênio.
Por causa dessas alterações genéticas, as enzimas se tornam deficientes (podendo ter atividade parcial ou não apresentar atividade) e o funcionamento da via metabólica é comprometido.
Como consequência, acontece um desequilíbrio na concentração ou um problema na estrutura do glicogênio formado, levando aos sintomas da doença.
Quais são os tipos de glicogenoses?
De forma geral, as glicogenoses podem ser classificadas como glicogenoses hepáticas e musculares, já que o fígado e os músculos são as principais partes afetadas.
As glicogenoses mais comuns são as dos tipos I, II (doença de Pompe), III e IV, sendo a glicogenose do tipo I a mais comum de todas, podendo corresponder a 25% dos casos.
O quadro a seguir resume informações a respeito das glicogenoses que são avaliadas pelo Teste da Bochechinha.
Quais são os sintomas das glicogenoses?
As glicogenoses apresentam um amplo espectro de sintomas, que podem se sobrepor nos diferentes tipos da doença. De forma geral, as glicogenoses hepáticas levam ao aumento do tamanho do fígado e causam quadros de hipoglicemia, já que o glicogênio se acumula nesse órgão e não é transformado em glicose.
A hipoglicemia é um sintoma comum de outras condições e se caracteriza pelo baixo nível de glicose no sangue.
Já as glicogenoses musculares podem causar sintomas nos músculos esqueléticos, por exemplo, como fraqueza muscular.
Qual é a idade em que se iniciam os sintomas?
Geralmente os sintomas das glicogenoses dos tipos mais graves se iniciam ainda nos primeiros meses de vida e começo da infância. Já as glicogenoses menos graves podem permanecer assintomáticas até a idade adulta.
O quadro a seguir resume alguns dos sintomas presentes nas glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha.
Sintomas das Glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha
|
O quadro resume os principais sintomas das glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha. Fonte: Demczko, M. 2021, ABGLICO 2019, Kara, E. et al. 2021.
Quais são os tratamentos para as glicogenoses?
O tratamento para as glicogenoses varia de acordo com o paciente e o tipo da doença, buscando diminuir os sintomas e melhorar a qualidade de vida do indivíduo. O tratamento nutricional é uma opção importante, principalmente para evitar os eventos de hipoglicemia associados à doença.
O quadro a seguir resume alguns dos tratamentos para as glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha. Todo tratamento deve ser recomendado e acompanhado por um médico.
Tratamento das Glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha
|
O quadro resume alguns dos tratamentos para as glicogenoses avaliadas pelo Teste da Bochechinha. Fonte: Demczko, M. 2021, ABGLICO 2019.
Como é feito o diagnóstico das glicogenoses?
O diagnóstico das glicogenoses se baseia principalmente nas manifestações clínicas apresentadas pelo paciente, assim como nos resultados de exames, como exames de sangue, urina, ultrassom, e análises de amostras de tecido do fígado e muscular (biópsia).
As glicogenoses, no entanto, podem ser um desafio para serem diagnosticadas. Dado o grande espectro de sintomas que apresentam, elas podem ser confundidas com outras doenças e, até mesmo, com os diferentes tipos de glicogenoses.
Testes genéticos são importantes pois permitem identificar com precisão uma variante genética, possibilitando um diagnóstico preciso do tipo de glicogenose que o paciente tem, direcionando o melhor tratamento e proporcionando o aconselhamento genético da família.
A identificação precoce das glicogenoses é essencial para iniciar prontamente o acompanhamento médico e o tratamento adequado, diminuindo a gravidade do quadro e aumentando a expectativa e qualidade de vida do paciente.
Glicogenoses e o Teste da Bochechinha
O Teste da Bochechinha, triagem neonatal genética criada pelo laboratório Mendelics, avalia através do sequenciamento de nova geração (NGS) os genes associados a mais de 340 doenças tratáveis, incluindo diferentes tipos de glicogenoses.
Com a identificação precoce, antes mesmo dos sintomas aparecerem, o recém-nascido pode ser acompanhado pelo médico e iniciar os tratamentos rapidamente, diminuindo os riscos de complicações da doença.
A triagem neonatal salva vidas!
Tenho um paciente com suspeita de glicogenose. Posso solicitar o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?Não. Em casos de recém-nascidos ou pessoas de qualquer idade que apresentem sintomas de glicogenoses, o médico pode solicitar um exame de diagnóstico genético para confirmar ou não a suspeita clínica. |
Tem alguma dúvida sobre as glicogenoses ou sobre o Teste da Bochechinha? Deixe nos comentários ou entre em contato conosco pelo site ou pelo telefone (11) 5096-6001.
É médico e quer oferecer o Teste da Bochechinha em sua clínica, maternidade ou hospital? Converse com a gente e seja nosso parceiro.
Revisão |
O que são as glicogenoses?
As glicogenoses, também chamadas de doenças do armazenamento ou depósito do glicogênio, são um grupo de doenças genéticas hereditárias causadas pela deficiência de enzimas ou de proteínas de transporte envolvidas nas vias de síntese ou degradação do glicogênio. Quais são os sintomas das glicogenoses? As glicogenoses apresentam um amplo espectro de sintomas. De forma geral, as glicogenoses hepáticas levam ao aumento do tamanho do fígado e causam quadros de hipoglicemia. Já as glicogenoses musculares podem causar sintomas nos músculos esqueléticos, por exemplo, como fraqueza muscular. Como é o diagnóstico das glicogenoses? O diagnóstico das glicogenoses se baseia principalmente nas manifestações clínicas apresentadas pelo paciente, assim como nos resultados de exames, como exames de sangue, ultrassom e biópsia do fígado e tecido muscular. Testes genéticos são importantes pois permitem identificar com precisão uma variante genética, possibilitando um diagnóstico preciso do tipo de glicogenose que o paciente tem. |
Referências
- Sales, C. et al. 2014. Glicogenoses: uma revisão geral. Bioscience Journal. Acessado em: 10/05/2023.
- Ballavenuto, J.M.A et al. 2020. Glicogenose Tipo I (Doença de Von Gierke): Relato de Dois Casos com Grave Dislipidemia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Acessado em: 10/05/2023.
- Johns Hopkins Medicine. 2019. Glycogen Storage Disease. Acessado em: 10/05/2023.
- Demczko, M. 2021. Doenças de armazenamento do glicogênio. MSD Manuals. Acessado em: 10/05/2023.
- Sharari, S. et al. 2020. Fanconi–Bickel Syndrome: A Review of the Mechanisms That Lead to Dysglycaemia. International Journal of Molecular Sciences. Acessado em: 11/05/2023.
- Kanungo, S. et al. 2018. Glycogen metabolism and glycogen storage disorders. Annals of Translational Medicine. Acessado em: 11/05/2023.
- Özen, H. 2007. Glycogen storage diseases: New perspectives. World Journal of Gastroenterology. Acessado em: 11/05/2023.
- Beyzaei, Z. et al. 2021. Clinical and genetic spectrum of glycogen storage disease in Iranian population using targeted gene sequencing. Scientific Reports. Acessado em: 11/05/2023.
- Martinez, C. C. 2018. Dificuldade alimentar, distúrbio miofuncional orofacial e sentidos químicos em pacientes com glicogenose hepática. Tese de doutorado. UFRGS. Acessado em: 12/05/2023.
- Glycogen Storage Disease Type IX. NORD (National Organization for Rare Disorders).
- Santoro, L. et al. 2022. A new phenotype of aldolase a deficiency in a 14 year-old boy with epilepsy and rhabdomyolysis – case report. Italian Journal of Pediatrics. Acessado em: 12/05/2023.
- Kara, E. et al. 2021. Glycogen storage disease type XII; an ultra rare cause of hemolytic anemia and rhabdomyolysis: one new case report. Journal of Pediatric Endocrinology and Metabolism. Acessado em: 12/05/2023.
- Associação Brasileira de Glicogenose (ABLICO). Glicogenoses. Acessado em: 10/05/2023.
- Cleveland Clinic. Glycogen Storage Disease (GSD). Acessado em: 12/05/2023.
0 comentários