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Galactosemia: a detecção precoce é crucial

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importância da não ingestão de galactose

Texto por: Nathalia Taniguti

03/08/22

A galactosemia é uma doença genética rara caracterizada pela incapacidade de metabolizar galactose. Estima-se que essa doença afete 1 a cada 60.000 habitantes no Brasil. Continue lendo e saiba mais sobre a galactosemia!

 

O que é galactosemia

 

A galactosemia é um conjunto de doenças raras, genéticas, dentro do grupo de Erros Inatos do Metabolismo, que causa uma deficiência no processamento da galactose. Como o organismo não é capaz de consumir a galactose para produzir energia, ela se acumula no sangue e pode prejudicar o funcionamento de vários órgãos.

 

O que é galactose?

A galactose é um tipo de açúcar que compõe a lactose, encontrada em laticínios (leite e derivados), algumas frutas e legumes e fórmulas lácteas infantis.

 

A doença pode ser causada por mutações em 4 genes diferentes, todos responsáveis por codificar enzimas que processam a galactose em algum momento durante a sua metabolização.

Metabolização da galactose

Figura 1

Galactosemia clássica (tipo 1)

 

A forma mais comum e severa de galactosemia é causada por mutações no gene GALT, e é caracterizada pela deficiência completa da enzima galactose-1-fosfato uridil-transferase  (GALT). Essa enzima atua na última etapa de processamento da galactose antes dela entrar na via de produção de energia na célula (Figura 1).

Estima-se que a galactosemia clássica afete 1 criança a cada 16.000-48.000 no mundo todo.

Em alguns casos raros de galactosemia clássica, causados por algumas variantes específicas no gene GALT, o paciente produz uma enzima GALT com atividade reduzida (cerca de 25-50% de atividade), que é capaz de mitigar parte dos sintomas, resultando em uma forma mais branda da doença, comumente chamada de galactosemia Duarte.

 

Deficiência de galactoquinase (tipo 2)

 

A galactosemia tipo 2 é causada por mutações no gene GALK, que codifica a enzima galactoquinase 1, responsável pela segunda etapa da via de metabolização da galactose.

A galactosemia tipo 2 é extremamente rara e até hoje foram registrados menos de 10 casos da doença.

 

Deficiência de galactose epimerase (tipo 3)

 

Essa forma de galactosemia é causada pela deficiência da enzima UDP-galactose-4 epimerase, que é codificada pelo gene GALE. Ela atua em paralelo com a enzima GALT dentro da via de metabolização da galactose.

Estudos envolvendo populações japonesas e suíças estimam que a galactosemia tipo 3 possa afetar 1 criança a cada 23.000 nascidos.

 

Deficiência de galactose mutarotase (tipo 4)

 

A galactosemia causada pela deficiência da enzima galactose mutarotase é resultado de mutações no gene GALM. Essa enzima atua na primeira etapa de metabolização da galactose, afetando todo o restante da via metabólica.

A galactosemia tipo 4 é tão rara quanto a do tipo 2. Até hoje foram registrados menos de 10 casos da doença.

 

Como a galactosemia é herdada?

 

Todas as formas de galactosemia apresentam padrão de herança autossômica recessiva. Portanto, a doença só se manifesta quando as alterações genéticas são herdadas tanto do pai quanto da mãe.

Pessoas que possuem uma única cópia alterada são chamadas de portadoras e têm 50% de chance de passar a alteração para seus filhos.

Como a galactosemia é herdada

Saiba mais sobre os diferentes padrões de herança.

 

Galactosemia: sinais e sintomas

 

Crianças com galactosemia aparentam ser saudáveis quando nascem, mas os sintomas começam a aparecer logo após os primeiros dias de vida.

Os sinais e sintomas podem variar conforme o tipo de galactosemia apresentada e com a gravidade da doença. No entanto, sinais comuns em recém-nascidos podem incluir vômito e falta de apetite, amarelamento da pele e olhos (icterícia), susceptibilidade a infecções, falência dos rins e fígado, pressão e inchaço (edema) cerebral.

Sintomas da galactosemia

 

Galactosemia clássica (galactosemia tipo 1)

 

Sintomas iniciais mais comuns podem incluir falência hepática e renal, icterícia, atraso no desenvolvimento, susceptibilidade a infecções e catarata. Em casos sem tratamento, a galactosemia também pode causar deficiência intelectual, transtornos de movimento e menopausa precoce em pessoas do sexo feminino.

Crianças afetadas pela galactosemia Duarte podem apresentar sintomas mais leves e tardios.

 

Deficiência de galactoquinase (galactosemia tipo 2)

 

Geralmente esse tipo de galactosemia causa somente o desenvolvimento de catarata, caso não seja tratada. Casos raros podem apresentar pseudotumor cerebral, uma condição que apresenta sintomas semelhantes aos encontrados em pacientes com tumores cerebrais, mesmo sem a presença de tumores.

 

Deficiência de galactose epimerase (galactosemia tipo 3)

 

Os sintomas da galactosemia tipo 3 são semelhantes aos da forma clássica, porém a gravidade é muito variável dentre os pacientes e depende do tecido em que a doença se manifesta (em alguns pacientes ela se concentra somente nas células sanguíneas).

 

Deficiência de galactose mutarotase (galactosemia tipo 4)

 

O sintoma mais clássico é o desenvolvimento de catarata, no entanto casos graves e sem tratamento podem desenvolver falência hepática, colestase (diminuição ou interrupção do fluxo de bile ao intestino) e atrasos no desenvolvimento.

Todos os sintomas dos quatro tipos de galactosemia podem ser minimizados, ou até evitados, se a detecção e tratamento da doença forem feitos precocemente.

 

Galactosemia: tratamento

 

Quando identificada precocemente, a galactosemia pode ser manejada com uma dieta restritiva de lactose. Para isso, a criança não deve ingerir laticínios, incluindo leite materno e as fórmulas infantis comuns. Outros alimentos que apresentam lactose ou galactose em sua composição também devem ser evitados, como figo, melão, feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilhas.

O acompanhamento e tratamento de qualquer doença deve ser definido por um médico para atender as necessidades de cada paciente. Consulte sempre um médico de confiança! 

 

Como diagnosticar a galactosemia

 

Pacientes com galactosemia apresentam altas concentrações de galactose e outras substâncias intermediárias da via metabólica que podem ser dosadas em testes laboratoriais. Geralmente o teste é feito quando os sintomas já se manifestaram, para confirmar uma suspeita clínica de galactosemia. Esses testes não distinguem os tipos de galactosemia.

No entanto, todas as quatro formas da doença podem ser identificadas precocemente, durante a triagem neonatal, antes mesmo do aparecimento de qualquer sintoma.

 

Teste da Bochechinha e a triagem de galactosemia

 

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal genética capaz de identificar mais de 340 doenças raras que se manifestam na infância e possuem tratamento disponível, incluindo as quatro formas de galactosemia.

A partir de uma coleta simples feita com um cotonete swab bucal, o Teste da Bochechinha analisa 342 genes, incluindo GALT, GALK, GALE e GALM, investigando se há uma chance aumentada do recém-nascido desenvolver alguma das doenças investigadas no teste.

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem e, por isso, não necessita de pedido médico. No entanto, é altamente recomendado que o paciente e sua família tenham acompanhamento médico durante o processo, principalmente em casos de resultado positivo para alguma doença genética.

 

Meu paciente tem suspeita de galactosemia, posso pedir o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?

 

Como o Teste da Bochechinha é uma triagem, ele não é recomendado para crianças que apresentam sintomas ou suspeitas clínicas.

Quando a criança já manifesta sinais e sintomas, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita.

A Mendelics, laboratório responsável pelo Teste da Bochechinha, realiza o diagnóstico genético da galactosemia através do Painel de Doenças Tratáveis, ou através do Sequenciamento de Nova Geração (NGS) de genes específicos, de maneira customizada.

É importante ressaltar que exames de diagnóstico, diferentemente dos testes de triagem, só podem ser realizados mediante solicitação e acompanhamento médico.

Ainda tem dúvidas sobre a galactosemia? Deixe sua pergunta nos comentários abaixo ou entre em contato com nossa equipe para mais informações.

 

Revisão

O que é galactosemia?

A galactosemia é um conjunto de doenças raras, genéticas, que causa uma deficiência no processamento da galactose. Como o organismo não é capaz de consumir a galactose para produzir energia, ela se acumula no sangue e pode prejudicar o funcionamento de vários órgãos.

Qual é a causa da galactosemia?

A doença pode ser causada por mutações em 4 genes diferentes, todos responsáveis por codificar enzimas que processam a galactose em algum momento durante a sua metabolização.

Como a galactosemia é herdada?

Todas as formas de galactosemia apresentam padrão de herança autossômica recessiva.


Referências

2 Comentários

  1. Adriana Catapani

    Estou com um bebê 2 m teste pezinho galactose total pouco aumentada , repetiu o teste após 15 dias aumentou mais um pouco e neste a Galt veio normal . Sem sintomas apenas vômitos (RGE) excelente ganho de peso em uso de fórmula AR . Como deve proceder para confirmar diagnóstico?

    Responder
    • Nathalia Taniguti

      Olá, Adriana!
      O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal e é recomendado para bebês assintomáticos. Se um bebê apresenta algum sintoma ou há suspeita clínica de galactosemia, o médico pode solicitar um teste de diagnóstico genético. A Mendelics, laboratório brasileiro que criou o Teste da Bochechinha, oferece testes para detecção genética de galactosemia, como o Painel de Doenças Tratáveis.
      Se tiver dúvidas sobre os nossos exames, entre em contato com a nossa equipe pelo site, por e-mail (contato@mendelics.com.br) ou pelo telefone (11) 5096-6001.
      Ressaltamos que todo exame de diagnóstico deve ter pedido médico.
      Ficamos à disposição!

      Responder

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