logo tipo epd
Início » Doenças e Tratamentos » Você conhece a Hiperplasia Adrenal Congênita?

Você conhece a Hiperplasia Adrenal Congênita?

Compartilhe:

Texto por: Nathalia Taniguti

12/08/21

O que é a Hiperplasia Adrenal Congênita?

Hiperplasia adrenal congênita (HAC) é um grupo de doenças genéticas que afetam as glândulas supra-renais, responsáveis ​​por liberar vários hormônios necessários para o perfeito funcionamento do corpo, como os corticosteróides, mineralocorticóides, e os andrógenos, os hormônios sexuais masculinos, como a testosterona.

 

A incidência no Brasil é estimada em 1:10.000 a 1:18.000 nascidos vivos.

 

Pessoas com HAC não possuem enzimas que as glândulas supra-renais precisam para produzir esses hormônios, por isso, seu organismo não é capaz de produzi-los e, para compensar essa perda, produz de forma exagerada outro tipo de precursor de hormônio.

 

Qual é a causa da Hiperplasia Adrenal Congênita?

O grupo de doenças que constituem a HAC podem ser causadas por alterações (mutações) em vários genes diferentes: 

A causa mais comum de HAC (cerca de 90% dos casos) é a falta da enzima conhecida como 21-hidroxilase. A deficiência de 21-hidroxilase, outro nome para a HAC, é causada por mutações no gene CYP21A2.

As outras causas, menos frequentes, são: 

  • A deficiência de 3-beta-hidroxisteróide desidrogenase, causada por mutações no gene HSD3B2.
  • A deficiência de 17-hidroxilase, causada por mutações no gene CYP17A1.
  • A deficiência de 11-beta-hidroxilase, causada por mutações no gene CYP11B1.
  • A hiperplasia adrenal lipóide congênita, causada por mutações no gene STAR.
  • A deficiência de oxidoredutase do citocromo P450, causada por mutações no gene POR.

 

Como a Hiperplasia Adrenal Congênita é herdada?

Todas as formas de HAC são herdadas de maneira autossômica recessiva. 

Isso significa que, para ter a doença, o bebê deve herdar uma mutação em ambas as cópias do gene responsável em cada célula, uma cópia mutada do gene do pai e outra da mãe.

Os pais de uma criança com HAC só possuem uma cópia do gene mutado cada um e são chamados de portadores.

Portadores de uma doença autossômica recessiva, como a HAC, normalmente não apresentam sinais ou sintomas, mas precisam ser identificados para conhecerem os riscos de terem filhos com HAC.

 

Tipos de Hiperplasia Adrenal Congênita

Na deficiência da 21-hidroxilase existe uma heterogeneidade na manifestação dos sinais e sintomas e ela é dividida em três formas: forma clássica perdedora de sal, forma clássica não perdedora de sal e forma não clássica.

Formas Clássicas

A forma clássica perdedora de sal e a forma clássica não perdedora de sal são mais raras, porém mais graves, do que a forma não-clássica.

Apesar dos sinais e sintomas se manifestarem diferentemente em cada pessoa, muitos indivíduos com HAC clássica apresentam aumento anormal das glândulas supra-renais (adrenomegalia hiperplásica), produzindo quantidades excessivas de andrógenos.

Isso causa um desenvolvimento sexual anormal nas mulheres, que podem apresentar genitália ambígua (dificuldade de diferenciação entre as genitálias masculina e feminina) ao nascimento. 

Homens com o mesmo tipo de HAC não apresentam genitália ambígua, contudo, ambos os sexos podem apresentar outros sintomas, como início precoce da puberdade, rápido crescimento corporal durante a infância mas com conclusão prematura do crescimento, levando à baixa estatura, se não forem diagnosticados e tratados precocemente.

Forma Não Clássica

É a forma mais comum e branda da deficiência da 21-hidroxilase. Normalmente, não há sintomas ao nascimento e não é identificada nos exames bioquímicos da triagem neonatal convencional.

Pessoas com formas mais leves da doença podem não ser diagnosticadas até a adolescência ou a idade adulta, quando experimentam sinais precoces de problemas de puberdade ou fertilidade, como ausência ou irregularidades na menstruação, excesso de pelo, voz grave e acne severa nas mulheres. 

 

Como é feito o tratamento da doença?

A HAC não tem cura, mas possui tratamento, que se for feito no período e na forma adequada garante uma vida normal para as pessoas afetadas. 

As opções de tratamento para HAC dependem de muitos fatores, incluindo o tipo de HAC, qual enzima está deficiente e os sinais e sintomas presentes em cada pessoa. 

O tratamento da HAC clássica começa logo após o nascimento e é necessário ao longo da vida do paciente, exigindo uma equipe de profissionais de saúde, incluindo especialistas em endocrinologia pediátrica, cirurgia uro-ginecológica (para meninas),  acompanhamento psicológico e aconselhamento genético.

Geralmente é realizada suplementação com hormônios durante toda a vida. 

O diagnóstico e, consequentemente, o início precoce do tratamento melhoram os sintomas e a qualidade de vida das crianças com HAC. 

 

Como é feito o diagnóstico da doença?

A HAC faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal do SUS, o Teste do Pezinho. No Teste do Pezinho é realizado o diagnóstico presuntivo da HAC através da quantificação de 17-hidroxi-progesterona (17-OHP) no sangue e, caso positivo, é seguido de testes confirmatórios no soro (Radioimunoensaio ou espectrometria de massa e ionograma).

Na população brasileira, a causa mais comum de HAC é a deficiência enzimática da 21-hidroxilase (corresponde por ~90% dos casos clássicos de HAC), seguida da 17-alfa-hidroxilase, e por último, a 11-beta-hidroxilase, forma muito rara.

A HAC não clássica não é detectada na triagem neonatal e muitas vezes não há suspeita até que os sinais e sintomas da doença comecem a aparecer mais tarde na infância ou no início da idade adulta. Nesses casos, o diagnóstico de HAC é geralmente baseado nos sintomas clínicos e em exames de sangue e urina que medem os níveis hormonais. 

O diagnóstico molecular através do teste genético é capaz de identificar as mutações causadoras de HAC, independente da gravidade da doença. Além disso, o teste genético auxilia o aconselhamento genético da família, planejamento de futuros filhos dos pais e da criança. 

A análise dos genes HSD3B2, CYP17A1, CYP11B1, STAR, que causam a HAC, e de outros genes associados a mais 320 doenças está inclusa no Teste da Bochechinha, o primeiro teste de triagem neonatal genética do Brasil, desenvolvido pelo laboratório Mendelics

É importante ressaltar que exames de diagnóstico só podem ser realizados mediante solicitação e acompanhamento médico.

Converse com o seu médico e entre em contato com nossa equipe para mais informações.

 

Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce da Hiperplasia Adrenal Congênita?

Diferentes mutações em diferentes genes causam a HAC. A análise dos genes HSD3B2, CYP17A1, CYP11B1, STAR, que causam a HAC, e de outros genes associados a mais 340 doenças está inclusa no Teste da Bochechinha, o único teste de triagem neonatal no Brasil capaz de identificar a doença em recém-nascidos. 

Para isso utilizamos a moderna técnica de sequenciamento de nova geração (NGS) que analisa diretamente o DNA do bebê e, por isso, consegue identificar alterações que causam a doença.

 O Teste da Bochechinha pode ser realizado assim que o bebê nasce, antes mesmo do aparecimento de qualquer sinal clínico da doença. Além disso, a coleta é muito simples, feita com um cotonete swab.

Bebês com alto risco de desenvolver HAC podem iniciar precocemente o acompanhamento médico e tratamento da HAC. Quanto mais cedo diagnóstico e o início do tratamento, maior a qualidade de vida da criança.

Além disso, bebês identificados como portadores de uma mutação que causa o HAC podem passar por um aconselhamento genético para entender o risco de ter um futuro filho com HAC. 


Referências

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico.pdf

https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/programa-nacional-da-triagem-neonatal/hiperplasia-adrenal-congenita-hac#:~:text=O%20diagn%C3%B3stico%20presuntivo%20da%20HAC,enzim%C3%A1tica%20(total%20ou%20parcial).

https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/1467/congenital-adrenal-hyperplasia

https://rarediseases.org/rare-diseases/congenital-adrenal-hyperplasia/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1171/

https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/22106c-GPA_-_Hiperplasia_Adrenal_Congenita-TriagemNeonatal.pdf

 

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *