O que são doenças lisossômicas?
Doenças lisossômicas, também conhecidas como doenças de depósito lisossômico (DDLs), são um grupo de mais de 70 doenças raras e fazem parte dos erros inatos do metabolismo (EIM).
Como um grupo, as DDLs são relativamente comuns e afetam cerca de 1 em cada 5.000 nascidos vivos. Mas individualmente as DDLs são raras, com incidências estimadas variando de 1 em 50.000 a 1 em 250.000 nascidos vivos, como na Leucodistrofia Metacromática e na Doença de Pompe, que estão presentes em até 2,5 pessoas em 100.000 indivíduos.
Em geral, as DDLs são graves, progressivas e multissistêmicas. Na maioria delas os sintomas já começam a se manifestar na primeira infância, mas também há formas da doença com início na idade adulta.
Qual é a causa das doenças lisossômicas?
As DDLs são causadas por mutações em genes que codificam os diferentes tipos de proteínas presentes nos lisossomos – compartimento celular responsável por metabolizar e reciclar moléculas como proteínas, carboidratos e gordura, por exemplo.
Mutações em genes lisossômicos afetam a função da proteína codificada, resultando no mau funcionamento do lisossomo e no acúmulo gradual de substratos dentro dele (ou seja, ocorre um “depósito”), o que acaba levando à disfunção e morte celular.
Em pessoas com algum tipo de DDL, enzimas que atuam nos lisossomos estão reduzidas ou ausentes, fazendo com que as substâncias a serem metabolizadas (moléculas de gordura, na doença de Fabry; ou glicogênio, na doença de Pompe) se acumulem nos lisossomos, comprometendo o funcionamento das células.
Como os lisossomos estão presentes em todos os tipos de célula, esse acúmulo tóxico de substâncias ocorre em todo o organismo, tornando a DDL uma doença multissistêmica e progressiva.
Como as doenças lisossômicas podem ser herdadas?
Os DDLs são doenças monogênicas (causadas por alterações em um único gene) e a maioria é herdada de maneira autossômica recessiva, com exceção de 4 doenças:
- MPS II: recessiva ligada ao X;
- Doença de Fabry: ligada ao X, com manifestação de início tardio em algumas mulheres;
- Doença de Danon: dominante ligada ao X, com manifestação de início tardio e mais leve em algumas mulheres;
- Doença CLN4: formas dominante e recessiva;
Entenda mais sobre padrões de herança e como as doenças genéticas são herdadas.
Existe tratamento para as doenças lisossômicas?
Ainda não há cura para as doenças lisossômicas, mas há tratamento para a maior parte das DDLs visando o controle dos sintomas e que melhoram muito a qualidade de vida das pessoas.
Alguns tipos de tratamentos disponíveis atualmente:
- Terapia de Reposição enzimática (TRE)
- Terapia de Redução de Substrato
- Terapia gênica
- Transplante de células-tronco
O diagnóstico precoce é fundamental
Por serem doenças raras e multissistêmicas, as doenças lisossômicas são pouco conhecidas e representam um maior desafio para o diagnóstico precoce, visto que os primeiros sinais são, em geral, inespecíficos e frequentemente confundidos com doenças mais comuns.
Mesmo pacientes assintomáticos são beneficiados pelo diagnóstico e acompanhamento precoce, pois muitas alterações nos órgãos ficam ocultas até se tornarem mais graves. Quanto mais tarde o diagnóstico é feito, mais tarde o tratamento é iniciado, impactando diretamente a qualidade e expectativa de vida da pessoa.
Como é feito o diagnóstico das doenças lisossômicas?
A suspeita de alguma doença lisossômica é feita com base em exames clínicos e nos sintomas do paciente.
A confirmação do diagnóstico da doença é feita pelo exame genético, capaz de detectar alterações nos genes associados à doença e identificar precisamente qual enzima está alterada.
A realização de exame genético também é altamente recomendada para pessoas que tenham histórico familiar de alguma doença lisossômica.
Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce das doenças lisossômicas?
As doenças lisossômicas ainda não são avaliadas no Teste do Pezinho básico do Sistema único de Saúde (SUS). Mas muitas delas, como a doença de Pompe e as mucopolissacaridoses possuem início dos sintomas na primeira infância e podem ser triadas ao nascimento.
Com o Teste da Bochechinha, que pode ser realizado assim que a criança nasce, a doença pode ser identificada antes do paciente desenvolver qualquer sintoma.
Utilizamos a moderna técnica de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para analisar o DNA do bebê e buscar alterações nos genes associados às doenças lisossômicas.
Bebês com alto risco de desenvolver uma DDL, identificados em nosso teste, podem iniciar precocemente o acompanhamento médico e tratamento da doença. Quanto mais cedo o diagnóstico e o início do tratamento, melhor a qualidade de vida do paciente.
Meu filho tem suspeita de uma doença lisossômica, posso fazer o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?
O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal.
Quando a criança (ou pessoa de qualquer idade) tem algum sintoma da doença, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita.
A Mendelics oferece exames para o diagnóstico de doenças lisossômicas, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis.
Converse com um médico de sua confiança e, se houver a necessidade de um exame de diagnóstico genético, entre em contato conosco!
Quer saber mais sobre as doenças lisossômicas e o Teste da Bochechinha? Deixe sua pergunta nos comentários abaixo ou entre em contato com a nossa equipe pelo telefone (11) 5096-6001 ou através do nosso site.
Referências
- Lysosomal Storage Disorders – NORD (National Organization for Rare Disorders). NORD (National Organization for Rare Disorders). Published August 28, 2017. Accessed October 21, 2021. https://rarediseases.org/rare-diseases/lysosomal-storage-disorders/
- Platt, F.M., d’Azzo, A., Davidson, B.L. et al. Lysosomal storage diseases. Nat Rev Dis Primers 4, 27 (2018). https://doi.org/10.1038/s41572-018-0025-4
- Rajkumar V, Dumpa V. Lysosomal Storage Disease. [Updated 2021 Jul 30]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2021 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK563270/
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