Raquitismo hipofosfatêmico: o que é?
O raquitismo hipofosfatêmico é uma doença rara e progressiva causada por uma falha renal que leva a baixos níveis de fosfato no sangue (hipofosfatemia), fazendo com que os ossos se tornem dolorosamente moles e se dobrem facilmente.
Se não tratada, especialmente durante o desenvolvimento ósseo da criança, leva a alterações irreversíveis nos ossos e nos dentes. No entanto, seguindo o tratamento apropriado, as crianças afetadas pela doença podem ter uma vida longa e saudável.
O que é Raquitismo?Raquitismo é uma doença óssea da infância caracterizada por um defeito na mineralização óssea que leva a anormalidades da cartilagem da placa de crescimento, observadas predominantemente em ossos longos. Pode ocorrer devido à deficiência de cálcio, fósforo ou vitamina D. O raquitismo hipofosfatêmico foi descrito pela primeira vez como raquitismo resistente à vitamina D por Fuller Albright porque um paciente não respondeu ao tratamento com vitamina D. Naquela época, a deficiência de vitamina D era a causa mais comum de raquitismo. Já o raquitismo hipofosfatêmico é causado por mutações em genes envolvidos na regulação do fosfato. |
Entenda mais sobre as doenças esqueléticas hereditárias neste artigo.
Quais os sintomas do raquitismo hipofosfatêmico?
Os sintomas aparecem logo nos primeiros anos de vida, ficando mais evidentes após a criança começar a andar, e podem variar em gravidade, mesmo entre membros afetados de uma mesma família.
Formas graves podem causar dor nos ossos e nas articulações, desenvolvimento de ossos frágeis, curvatura das pernas e outras deformidades ósseas e baixa estatura. Alguns bebês afetados podem apresentar craniossinostose, ou seja, o fechamento precoce das suturas cranianas, podendo afetar o desenvolvimento da criança.
Por ser uma doença progressiva, se não for tratada, os sintomas pioram com o tempo.
O que causa o raquitismo hipofosfatêmico?
O raquitismo hipofosfatêmico é quase sempre genético e hereditário, ou seja, causado por mutações herdadas dos pais.
Em casos raros, a doença se desenvolve como resultado de certos tipos de câncer, como tumores de células gigantes do osso, sarcomas, câncer de próstata e câncer de mama.
A doença ocorre devido a um desequilíbrio de fosfato no organismo que, entre suas muitas funções, desempenha um papel crítico na formação e crescimento dos ossos na infância e ajuda a manter a resistência óssea em adultos.
Normalmente, os níveis de fosfato no organismo são controlados em grande parte pelos rins: quando está em excesso é excretado na urina e quando seus níveis estão baixos é reabsorvido.
No entanto, em pessoas com raquitismo hipofosfatêmico, os rins não realizam a reabsorção de fosfato eficientemente, fazendo com que seja excretado na urina além do necessário. Como resultado, não há fosfato suficiente na corrente sanguínea para os ossos se desenvolvam e sejam mantidos adequadamente.
O raquitismo hipofosfatêmico pode ser causado por mutações em vários genes que, em geral, regulam direta ou indiretamente uma proteína que normalmente inibe a capacidade dos rins de reabsorver fosfato no sangue.
O gene envolvido determina o tipo do raquitismo hipofosfatêmico e a forma como é herdado:
- O tipo mais comum é o raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X, causado por uma mutação no gene PHEX.
- Outros genes que podem ser responsáveis pela condição são: CLCN5, DMP1, ENPP1, FGF23 e SLC34A3 e causam a doença seguindo outros padrões de herança: recessiva ligada ao cromossomo X, autossômica dominante ou autossômica recessiva.
Raquitismo Hipofosfatêmico ligado ao cromossomo XO raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X (XLH) afeta cerca de 1 a cada 25.000 nascidos vivos e se desenvolve logo nos primeiros anos de vida. Devido aos sintomas serem parecidos, os pacientes costumam ser erroneamente diagnosticados com deficiência de vitamina D, o que atrasa o seu diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento. O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X resulta de mutações no gene PHEX, e é herdado seguindo o padrão dominante ligado ao X (hipofosfatemia ligada ao X), logo: tanto nas mulheres (que têm dois cromossomos X) quanto nos homens (que possuem apenas um cromossomo X), uma cópia alterada do gene é suficiente para causar a doença. Mulheres afetadas têm 50% de chance de transmitir o gene PHEX mutado para seus filhos, independentemente do sexo. Já os homens afetados vão transmitir o gene mutado para todas as filhas e para nenhum dos seus filhos homens, pois os meninos só recebem o cromossomo Y de seus pais. Dia 23 de junho é o Dia de Conscientização de Raquitismo Hipofosfatêmico ligado ao X. Conhecida como #XLHDay, a campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce. |
Qual é o tratamento do raquitismo hipofosfatêmico?
O tratamento do raquitismo hipofosfatêmico depende da causa subjacente e pode ser clínico, medicamentoso e cirúrgico.
No Brasil, desde 2022, o tratamento de pacientes com raquitismo hipofosfatêmico é amparado pelo protocolo clínico e diretrizes terapêuticas (PCDT) e provido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento convencional para pacientes com XLH era realizado com fosfato e vitamina D, que não tratam diretamente a causa dessa doença. Agora, são elegíveis para receber o tratamento com o medicamento referência, o burosumabe: um anticorpo monoclonal que age nas proteínas associadas à doença, aumentando a reabsorção de fosfato do rim e reduzindo os danos causados pela XLH.
Raquitismo Hipofosfatêmico: como é feito o diagnóstico?
Sinais e sintomas clínicos, radiografias ósseas com achados sugestivos e testes bioquímicos alterados indicam uma suspeita da doença, que deve ser confirmada por testes genéticos, através da identificação de mutações no gene PHEX, principalmente.
Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce de raquitismo hipofosfatêmico?
O XLH é uma das mais de 340 doenças triadas pelo Teste da Bochechinha, o primeiro teste de triagem neonatal genético do Brasil, e o único que tria raquitismo hipofosfatêmico ligado ao X.
Este teste genético analisa diretamente o DNA do bebê e, por isso, consegue identificar qual a mutação no gene PHEX que causa a doença.
O Teste da Bochechinha pode ser realizado assim que o bebê nasce, antes mesmo do aparecimento de qualquer sinal clínico da doença. Além disso, a coleta é muito simples, feita com um cotonete swab.
Meu filho tem suspeita de raquitismo hipofosfatêmico, posso fazer o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?
O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal genética que busca identificar bebês com risco de desenvolver doenças que se manifestam logo nos primeiros meses ou anos de vida.
Quando a criança já manifesta sinais de alguma doença, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. Para o diagnóstico de XLH, a Mendelics oferece exames para confirmação do diagnóstico de Raquitismo Hipofosfatêmico, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Painel de Doenças Esqueléticas.
É importante ressaltar que exames de diagnóstico, diferentemente dos testes de triagem, só podem ser realizados mediante solicitação e acompanhamento médico.
Converse com o seu médico e entre em contato com nossa equipe para mais informações.
Referências
- “Familial hypophosphatemia,” NORD (National Organization for Rare Disorders). Acesso em 28 de maio de 2021.
- Tavana N, Thilakavathy K, Kennerson ML, Ting TH. Genetic basis of hereditary hypophosphataemic rickets and phenotype presentation in children and adults. Endokrynol Pol. 2021;72(4):366-394.
- “Learn About XLH ”, XLH Network. Acesso em 28 de maio de 2021.
- D. Haffner et al., “Clinical practice recommendations for the diagnosis and management of X-linked hypophosphataemia,” Nature Reviews Nephrology, vol. 15, no. 7, pp. 435–455, May 2019.
- Projeto de Lei n 397, de 2020, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. https://www.al.sp.gov.br/propositura/?id=1000327611
XLH – Me interessei pelo assunto até há pouquissimo tempo desconhecido e tenho interesse em adquirir mais conhecimento. Sou enfermeira e recentemente participei de um treinamento online no meu município. Temos 1 caso. Itagibá- Ba
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