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Raquitismo Hipofosfatêmico: genética, diagnóstico e tratamento

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Texto por: Nathalia Taniguti

25/06/21

Raquitismo hipofosfatêmico: o que é?

O raquitismo hipofosfatêmico é uma doença rara e progressiva causada por uma falha renal que leva a baixos níveis de fosfato no sangue (hipofosfatemia), fazendo com que os ossos se tornem dolorosamente moles e se dobrem facilmente. 

Se não tratada, especialmente durante o desenvolvimento ósseo da criança, leva a alterações irreversíveis nos ossos e nos dentes. No entanto, seguindo o tratamento apropriado, as crianças afetadas pela doença podem ter uma vida longa e saudável.

 

O que é Raquitismo?

 Raquitismo é uma doença óssea da infância caracterizada por um defeito na mineralização óssea que leva a anormalidades da cartilagem da placa de crescimento, observadas predominantemente em ossos longos. Pode ocorrer devido à deficiência de cálcio, fósforo ou vitamina D.

O raquitismo hipofosfatêmico foi descrito pela primeira vez como raquitismo resistente à vitamina D por Fuller Albright porque um paciente não respondeu ao tratamento com vitamina D. Naquela época, a deficiência de vitamina D era a causa mais comum de raquitismo. Já o raquitismo hipofosfatêmico é causado por mutações em genes envolvidos na regulação do fosfato.

Raquitismo hipofosfatêmico (XLH) é uma doença rara que torna os ossos moles e dobráveis. Entenda a importância do diagnóstico genético no tratamento.

Entenda mais sobre as doenças esqueléticas hereditárias neste artigo.

 

Quais os sintomas do raquitismo hipofosfatêmico?

Os sintomas aparecem logo nos primeiros anos de vida, ficando mais evidentes após a criança começar a andar, e podem variar em gravidade, mesmo entre membros afetados de uma mesma família. 

Formas graves podem causar dor nos ossos e nas articulações, desenvolvimento de ossos frágeis, curvatura das pernas e outras deformidades ósseas e baixa estatura. Alguns bebês afetados podem apresentar craniossinostose, ou seja, o fechamento precoce das suturas cranianas, podendo afetar o desenvolvimento da criança

Por ser uma doença progressiva, se não for tratada, os sintomas pioram com o tempo.

 

O que causa o raquitismo hipofosfatêmico?

O raquitismo hipofosfatêmico é quase sempre genético e hereditário, ou seja, causado por mutações herdadas dos pais. 

Em casos raros, a doença se desenvolve como resultado de certos tipos de câncer, como tumores de células gigantes do osso, sarcomas, câncer de próstata e câncer de mama.

A doença ocorre devido a um desequilíbrio de fosfato no organismo que, entre suas muitas funções, desempenha um papel crítico na formação e crescimento dos ossos na infância e ajuda a manter a resistência óssea em adultos. 

Normalmente, os níveis de fosfato no organismo são controlados em grande parte pelos rins: quando está em excesso é excretado na urina e quando seus níveis estão baixos é reabsorvido.

No entanto, em pessoas com raquitismo hipofosfatêmico, os rins não realizam a reabsorção de fosfato eficientemente, fazendo com que seja excretado na urina além do necessário. Como resultado, não há fosfato suficiente na corrente sanguínea para os ossos se desenvolvam e sejam mantidos adequadamente.

O raquitismo hipofosfatêmico pode ser causado por mutações em vários genes que, em geral, regulam direta ou indiretamente uma proteína que normalmente inibe a capacidade dos rins de reabsorver fosfato no sangue. 

O gene envolvido determina o tipo do raquitismo hipofosfatêmico e a forma como é herdado:

  • O tipo mais comum é o raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X, causado por uma mutação no gene PHEX
  • Outros genes que podem ser responsáveis ​​pela condição são: CLCN5, DMP1, ENPP1, FGF23 e SLC34A3 e causam a doença seguindo outros padrões de herança: recessiva ligada ao cromossomo X, autossômica dominante ou autossômica recessiva. 

 

Raquitismo Hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X

O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X (XLH) afeta cerca de 1 a cada 25.000 nascidos vivos e se desenvolve logo nos primeiros anos de vida. Devido aos sintomas serem parecidos, os pacientes costumam ser erroneamente diagnosticados com deficiência de vitamina D, o que atrasa o seu diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento.

O raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X resulta de mutações no gene PHEX, e é herdado seguindo o padrão dominante ligado ao X (hipofosfatemia ligada ao X), logo: tanto nas mulheres (que têm dois cromossomos X) quanto nos homens (que possuem apenas um cromossomo X), uma cópia alterada do gene é suficiente para causar a doença.

Mulheres afetadas têm 50% de chance de transmitir o gene PHEX mutado para seus filhos, independentemente do sexo. Já os homens afetados vão transmitir o gene mutado para todas as filhas e para nenhum dos seus filhos homens, pois os meninos só recebem o cromossomo Y de seus pais.

Dia 23 de junho é o Dia de Conscientização de Raquitismo Hipofosfatêmico ligado ao X. Conhecida como #XLHDay, a campanha tem como objetivo conscientizar a população sobre a doença e a importância do diagnóstico precoce.

Raquitismo hipofosfatêmico (XLH) é uma doença rara que torna os ossos moles e dobráveis. Entenda a importância do diagnóstico genético no tratamento

 

Qual é o tratamento do raquitismo hipofosfatêmico?

O tratamento do raquitismo hipofosfatêmico depende da causa subjacente e pode ser clínico, medicamentoso e cirúrgico.

No Brasil, desde 2022, o tratamento de pacientes com raquitismo hipofosfatêmico é amparado pelo protocolo clínico e diretrizes terapêuticas (PCDT) e provido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O tratamento convencional para pacientes com XLH era realizado com fosfato e vitamina D, que não tratam diretamente a causa dessa doença. Agora, são elegíveis para receber o tratamento com o medicamento referência, o burosumabe: um anticorpo monoclonal que age nas proteínas associadas à doença, aumentando a reabsorção de fosfato do rim e reduzindo os danos causados pela XLH.

 

Raquitismo Hipofosfatêmico: como é feito o diagnóstico?

Sinais e sintomas clínicos, radiografias ósseas com achados sugestivos e testes bioquímicos alterados indicam uma suspeita da doença, que deve ser confirmada por testes genéticos, através da identificação de mutações no gene PHEX, principalmente.

 

Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce de raquitismo hipofosfatêmico?

O XLH é uma das mais de 340 doenças triadas pelo Teste da Bochechinha, o primeiro teste de triagem neonatal genético do Brasil, e o único que tria raquitismo hipofosfatêmico ligado ao X.

Este teste genético analisa diretamente o DNA do bebê e, por isso, consegue identificar qual a mutação no gene PHEX que causa a doença.

O Teste da Bochechinha pode ser realizado assim que o bebê nasce, antes mesmo do aparecimento de qualquer sinal clínico da doença. Além disso, a coleta é muito simples, feita com um cotonete swab.

 

Meu filho tem suspeita de raquitismo hipofosfatêmico, posso fazer o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal genética que busca identificar bebês com risco de desenvolver doenças que se manifestam logo nos primeiros meses ou anos de vida.

Quando a criança já manifesta sinais de alguma doença, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita. Para o diagnóstico de XLH, a Mendelics oferece exames para confirmação do diagnóstico de Raquitismo Hipofosfatêmico, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Painel de Doenças Esqueléticas

É importante ressaltar que exames de diagnóstico, diferentemente dos testes de triagem, só podem ser realizados mediante solicitação e acompanhamento médico.

Converse com o seu médico e entre em contato com nossa equipe para mais informações.

 

Referências

2 Comentários

  1. Ana Claudia Fonseca Almeida Andrade

    XLH – Me interessei pelo assunto até há pouquissimo tempo desconhecido e tenho interesse em adquirir mais conhecimento. Sou enfermeira e recentemente participei de um treinamento online no meu município. Temos 1 caso. Itagibá- Ba

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    • Cleandra Silva

      Olá, Ana Claudia!
      Ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo. Você pode acessar mais informações sobre doenças raras em nosso e-book (https://connect.mendelics.com.br/raros).
      Estamos à disposição.
      Equipe Teste da Bochechinha.

      Responder

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