Entenda conceitos que envolvem alelos, como homozigoto e heterozigoto, e saiba a importância da genotipagem parental no diagnóstico de doenças.
Alelos são as diferentes versões de um gene e que ocupam uma mesma posição no cromossomo (locus gênico). Cada indivíduo herda dois alelos de cada gene, um alelo do pai e um alelo da mãe.
Alelos apresentam entre si diferenças na sequência genética e essas diferenças podem ou não resultar em efeitos distintos no fenótipo, como elevar o risco para o desenvolvimento de uma determinada doença.
O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal genética que investiga o DNA do recém-nascido através da técnica de Sequenciamento de Nova Geração em busca de alelos com alterações genéticas que podem aumentar o risco da criança desenvolver qualquer uma das mais de 340 doenças tratáveis analisadas pelo teste. |
Confira alguns conceitos importantes no contexto dos alelos e que podem aparecer no laudo do Teste da Bochechinha.
Alelos selvagens e mutantes
Alelo selvagem é a forma normal de um gene, que geralmente tem as instruções para o fenótipo mais comum encontrado na população. Um alelo mutante é aquele que codifica um produto diferente daquele do alelo selvagem ou não codifica um produto funcional.
Dominância e recessividade entre alelos
Alelos podem interagir de forma dominante ou recessiva. É chamado de dominante aquele alelo cujo efeito se sobrepõe ao efeito do outro (o recessivo) em um indivíduo que herdou dois alelos diferentes.
Já o alelo recessivo expressa o seu efeito apenas quando o indivíduo herda duas cópias suas.
Representação dos alelos É usual representar os alelos de um determinado gene pela combinação de uma ou mais letras e números. Por exemplo, o alelo mutante do gene HBB (que codifica a hemoglobina) é o alelo S. O genótipo SS (ou HbSS), que determina um quadro de anemia falciforme, é formado pela combinação de dois alelos S. |
Tomando como base um mesmo locus gênico, os indivíduos podem apresentar diferentes combinações de alelos. Existem termos específicos que descrevem essa combinação (genótipo). Confira alguns dos termos nesse contexto a seguir.
Homozigose
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que herdou duas versões iguais de um mesmo gene, ou seja, dois alelos iguais. Assim, dizemos que o indivíduo é homozigoto para um determinado gene.
Um indivíduo pode ser homozigoto dominante, ou seja, apresentar duas cópias dos alelos dominantes, ou homozigoto recessivo, quando herda duas cópias dos alelos recessivos.
Heterozigose
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que herdou duas versões diferentes de um mesmo gene, ou seja, dois alelos diferentes. Nesse caso, dizemos que o indivíduo é heterozigoto para um determinado gene.
Heterozigose composta
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que herdou dois alelos mutantes de um gene, porém cujas alterações genéticas são diferentes entre si.
Hemizigose
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que possui apenas um alelo de um determinado gene. Isso acontece, por exemplo, para genes localizados no cromossomo X dos indivíduos do sexo masculino que não têm correspondência com o cromossomo Y.
Para esses genes localizados no cromossomo X, as mulheres podem ser homozigotas ou heterozigotas, já os indivíduos do sexo masculino são hemizigotos.
Bialélico
Refere-se aos dois alelos de um gene. As alterações genéticas são ditas bialélicas quando estão presentes em ambos os alelos.
Monoalélico
Refere-se a um dos alelos de um gene. A alteração genética é dita monoalélica quando está presente em apenas um dos alelos.
Alelos e a determinação de doenças genéticas
Uma combinação específica de alelos pode ou não estar associada a doenças, dependendo do tipo de alteração genética em questão e do padrão de herança da condição. Veja alguns conceitos nesse contexto.
Haploinsuficiência
Ocorre quando a presença de um alelo alterado causa, por exemplo, uma produção insuficiente da proteína codificada pelo gene, levando à manifestação da doença. Ou seja, a presença de apenas um alelo funcional é insuficiente para que o indivíduo seja saudável. Nesse caso, temos uma doença com padrão de herança dominante.
Haplosuficiência
Ocorre quando a presença de um alelo funcional é suficiente para que o indivíduo seja saudável. Nesse caso, temos as doenças com padrão de herança recessiva.
Saiba mais sobre padrões de herança e veja exemplos de doenças genéticas neste post.
Genotipagem parental
Muitas vezes não se sabe qual é o efeito de uma alteração genética encontrada nos alelos de um indivíduo. Uma das formas de estabelecer se uma variante de significado incerto (VUS) pode ser patogênica ou não é através da análise do genótipo dos pais do paciente, pela genotipagem parental.
Ao avaliar o genótipo dos pais e comparar com o do filho é possível verificar se a variante em questão foi ou não herdada. Se essa alteração estiver presente nos pais e eles forem saudáveis, é pouco provável que ela seja a causa de uma doença, mas se for uma variante nova (de novo), que apareceu pela primeira vez no paciente, ela pode ser patogênica.
Entenda mais sobre a classificação das variantes genéticas neste post.
Além de ser claro, o laudo do Teste da Bochechinha conta com observações para cada paciente analisado com base nos resultados encontrados. Assim, dependendo do caso, é possível que seja sugerida a realização da genotipagem parental.
Se tiver dúvidas sobre o laudo do Teste da Bochechinha ou sobre conceitos de genética, deixe nos comentários abaixo ou entre em contato conosco pelo site ou pelo telefone (11) 5096-6001.
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Revisão
Alelos são as diferentes versões de um gene e que ocupam uma mesma posição no cromossomo (locus gênico). Cada indivíduo herda dois alelos de cada gene, um alelo do pai e um alelo da mãe.
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que herdou duas versões iguais de um mesmo gene, ou seja, dois alelos iguais.
É a característica relativa ao genótipo de um indivíduo que herdou duas versões diferentes de um mesmo gene, ou seja, dois alelos diferentes.
É chamado de dominante aquele alelo cujo efeito se sobrepõe ao efeito do outro (o recessivo) em um indivíduo que herdou dois alelos diferentes. Já o alelo recessivo expressa o seu efeito quando um indivíduo herdou duas cópias suas.
Referências
- Jackson M, Marks L, May GHW, Wilson Joanna B. The genetic basis of disease. Essays In Biochemistry. 2018.
- Adam MP, Ardinger HH, Pagon RA, et al. GeneReviews®. Nih.gov. 2019.
- Netto RCM. Dominante ou recessivo? Genética na Escola. 2012.
- Better Health Channel. Genes and genetics. Vic.gov.au. 2012.
- Nussbaum R, McInnes RR, Willard HF. Thompson and Thompson Genetics in Medicine. Saunders; 2007.
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