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Cinco doenças mais comuns do Teste da Bochechinha

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Texto por: Nathalia Taniguti

08/04/20

Conheça quais são as cinco doenças mais comuns detectadas pelo Teste da Bochechinha e entenda a importância da triagem genética para mudar vidas.

 

O Teste da Bochechinha foi o primeiro teste de triagem neonatal genético desenvolvido na América Latina. Ele investiga mais de 340 doenças tratáveis que podem se manifestar ainda na primeira infância, dentre elas a anemia falciforme, talassemia, fenilcetonúria, galactosemia e fibrose cística

Conheça mais sobre essas cinco doenças analisadas pelo Teste da Bochechinha.

 

Anemia falciforme

 

A anemia falciforme é uma doença genética que altera a hemoglobina, uma proteína presente nas hemácias (glóbulos vermelhos). Na doença, a hemoglobina se aglomera dentro das hemácias, formando bastões rígidos e, por consequência, alterando o formato dos glóbulos vermelhos para um formato de foice – daí o nome falciforme.

As hemácias alteradas rompem-se mais facilmente causando anemia. Elas também são menos flexíveis e se polimerizam (se agregam), podendo bloquear pequenos vasos sanguíneos. Indivíduos com anemia falciforme podem apresentar, dentre outros sintomas, fadiga e episódios de dores severas pelo corpo.

 

Alterações genéticas na anemia falciforme

 

A anemia falciforme é causada por alterações no gene HBB, responsável por codificar a subunidade beta-globina da hemoglobina. Quando mutado, o gene HBB leva à formação da hemoglobina anormal, chamada de HbS, sendo S da palavra em inglês sickle, que significa foice.

A doença tem padrão de herança autossômica recessiva, ou seja, o indivíduo deve herdar as duas cópias do gene alterado da beta-globina (gene HBB) para desenvolver a doença. 

 

Além da hemoglobina HbS, existem outras formas variantes da hemoglobina originadas por alterações no gene HBB. Essas alterações estão presentes nas demais doenças do grupo: hemoglobinopatia SC, hemoglobinopatia SD, hemoglobinopatia SE e hemoglobinopatia SO.

 

A anemia falciforme é a doença hereditária monogênica (causada por alteração em um único gene) mais predominante no Brasil. Estima-se que, a cada ano, nasçam 3.000 crianças com doença falciforme no país.

 

Talassemia

 

Assim como a anemia falciforme, a talassemia faz parte das doenças chamadas de hemoglobinopatias. Ela é caracterizada pela diminuição da produção de hemoglobina no sangue. 

A hemoglobina é composta por dois pares de cadeias de proteínas chamadas globinas. Normalmente, os adultos têm um par de cadeias alfa e um par de cadeias beta formando as hemoglobinas. Na talassemia há um defeito na produção de uma ou mais dessas cadeias.

A talassemia é classificada de acordo com a cadeia de aminoácidos afetada, podendo ser chamada de alfa-talassemia ou beta-talassemia, a mais comum. 

 

Alterações genéticas na beta-talassemia

 

A beta-talassemia é causada por alterações no gene HBB. A doença tem padrão de herança autossômica recessiva, ou seja, o indivíduo deve herdar as duas cópias do gene alterado da beta-globina (gene HBB) para manifestar a doença.

Padrão herança autossômica recessiva

Como a talassemia é mais comum em populações de países banhados pelo Mar Mediterrâneo, o nome da doença é uma combinação dos termos gregos thalassa (= mar) e emas (= sangue). Pelo mesmo motivo, a doença também é conhecida como “anemia do Mediterrâneo”.

 

A talassemia, assim como a anemia falciforme, é uma das hemoglobinopatias mais prevalentes na população do Brasil. Estima-se que, em algumas regiões do país, 1,5% da população caucasiana seja portadora da talassemia-beta menor (uma das formas da doença). 

 

Fenilcetonúria

 

A fenilcetonúria faz parte de um grupo de doenças genéticas chamado de Erros Inatos do Metabolismo (EIM). Essas condições são causadas por alterações genéticas que fazem com que uma ou mais enzimas não funcionem corretamente no organismo, resultando geralmente no acúmulo ou na falta de alguma substância no corpo.

No caso da fenilcetonúria, ocorre um aumento nos níveis do aminoácido fenilalanina no sangue, cérebro e outras partes do corpo. Esse aminoácido não é produzido naturalmente pelo organismo e, por isso, precisa ser obtido através da alimentação. Após ser ingerida, a fenilalanina é processada pela enzima fenilalanina hidroxilase (PAH).

Indivíduos com fenilcetonúria possuem falta ou deficiência da enzima PAH, fazendo com que a fenilalanina se acumule no organismo. Os sintomas variam, de acordo com a forma da doença, e podem incluir, em sua forma mais grave, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor, deficiência intelectual permanente, pele, olhos e cabelos muito claros e eczema.

 

Alterações genéticas na fenilcetonúria

 

A fenilcetonúria é causada por alterações genéticas no gene PAH, que reduzem a atividade da enzima fenilalanina hidroxilase. A doença é herdada de maneira autossômica recessiva. Portanto, somente indivíduos que herdaram as cópias alteradas do gene da mãe e do pai desenvolvem a doença.  

No Brasil, tem sido encontrada uma prevalência de fenilcetonúria variando entre 1:15.000 a 1:25.000 recém-nascidos.

 

Galactosemia

 

A galactosemia também é uma doença do grupo dos Erros Inatos do Metabolismo. Ela se caracteriza pela deficiência no processamento da galactose. Como o organismo não é capaz de consumir a galactose para produzir energia, esse açúcar se acumula e pode prejudicar o funcionamento de vários órgãos.

Os sintomas variam de acordo com a forma da doença, mas sinais comuns em recém-nascidos podem incluir vômito e falta de apetite, amarelamento da pele e olhos (icterícia), susceptibilidade a infecções, falência dos rins e fígado, pressão e inchaço (edema) cerebral.

 

Alterações genéticas na galactosemia

 

A doença pode ser causada por mutações em 4 genes diferentes, todos responsáveis por codificar enzimas que processam a galactose em algum momento durante a sua metabolização: GALT, GALK, GALE e GALM.

A galactosemia também tem padrão de herança autossômica recessiva. Assim, para desenvolver a doença é preciso ter as duas cópias de um dos genes associados à doença alteradas.

Estima-se que a população brasileira tenha a segunda maior incidência do tipo clássico de galactosemia no mundo, a forma mais comum e severa de doença.

 

Fibrose cística

 

A fibrose cística é a doença genética grave mais comum na infância. Também chamada de mucoviscidose, afeta múltiplos órgãos, principalmente pulmões e pâncreas. É crônica e progressiva, com uma grave redução da expectativa de vida das pessoas acometidas.

A doença é resultado de uma alteração genética que leva ao desequilíbrio de sal e fluidos dentro e fora das células, originando um muco espesso que causa os sintomas da doença, como tosse persistente, pneumonia, bronquite e insuficiência respiratória.

 

Doença do beijo salgado

Um dos sinais da fibrose cística é a perda de sal pelo suor, sintoma característico da doença, que fez com que ela ficasse conhecida como “doença do beijo salgado“.

 

Alterações genéticas na fibrose cística

 

Variantes patogênicas no gene CFTR levam à fibrose cística. O gene CFTR fornece as instruções para produzir a proteína CFTR, que fica localizada na membrana das células e atua controlando a entrada e a saída de cloreto (um componente do sal) e água nas células do pulmão, pâncreas e de outros tecidos do organismo. 

Alterações presentes no gene CFTR fazem com que essa proteína não seja produzida na forma ou na quantidade correta; dessa forma, ela não exerce a sua função adequadamente.

Apesar de rara, no Brasil, a fibrose cística é uma das doenças raras mais comuns, atingindo 1 a cada 10 mil nascidos vivos no país.

O quadro a seguir reune as principais informações sobre as doenças citadas.

cinco doenças genéticas comuns

 

O Teste da Bochechinha e a triagem genética

 

O Teste da Bochechinha consegue identificar, a partir de uma amostra de saliva, alterações genéticas associadas a diversas doenças graves, mas tratáveis, que podem se manifestar ainda na primeira infância.

Recém-nascidos com alto risco de desenvolver alguma dessas doenças podem iniciar o acompanhamento e o tratamento médico mais cedo, tendo mais qualidade de vida.

Algumas doenças, como anemia falciforme, fenilcetonúria e fibrose cística são triadas pelo Teste do Pezinho, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, outras doenças, como a galactosemia, ainda não são avaliadas pelo Teste do Pezinho.

Além disso, testes de triagem genética, como o Teste da Bochechinha, possibilitam identificar com assertividade mutações associadas às doenças que estão presentes no DNA do recém-nascido. 

No caso da fenilcetonúria, por exemplo, algumas mutações no gene PAH permitem que a enzima retenha alguma atividade e, por isso, resultam em versões mais leves de fenilcetonúria, que podem ser mais difíceis de se detectar em testes bioquímicos. O rastreio através do teste genético, no entanto, é capaz de identificar as mutações, independentemente da gravidade da doença.

Já no caso da fibrose cística, cada mutação causa uma alteração diferente na proteína CFTR, fazendo com que os sintomas variem entre os pacientes, demandando diferentes tratamentos. Por isso, é muito importante identificar qual é a mutação que o recém-nascido possui para direcionar o tratamento.

O Teste da Bochechinha é um teste de triagem, assim, não há necessidade de pedido médico para a realização do mesmo, mas reforçamos a importância do acompanhamento especializado durante o desenvolvimento do recém-nascido. 

Está com dúvidas sobre as doenças avaliadas ou sobre o Teste da Bochechinha? Deixe nos comentários ou entre em contato conosco pelo site ou pelo telefone (11) 5096 – 6001.

Você é médico e quer oferecer o Teste do Bochechinha para seus pacientes? Converse com a gente e seja nosso parceiro.

 

Revisão

O que é o Teste da Bochechinha?

É um teste de triagem neonatal genética que identifica alterações genéticas no DNA do recém-nascido associadas a doenças graves e tratáveis que se manifestam geralmente na primeira infância.

Quais são as doenças detectadas pelo Teste da Bochechinha?

O Teste da Bochechinha detecta alterações genéticas associadas a mais de 340 doenças, inclusive anemia falciforme, beta-talassemia, galactosemia, fenilcetonúria e fibrose cística.

Quais são as doenças detectadas pelo Teste do Pezinho do SUS?

Fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, anemia falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Em 2021 foi sancionada uma lei que amplia o número de doenças investigadas pelo Teste do Pezinho do SUS.

Tenho um paciente com suspeita de uma das doenças detectadas pelo Teste da Bochechinha. Posso solicitar o teste para confirmar o diagnóstico?

Não. O Teste da Bochechinha é um teste de triagem. Pessoas de qualquer idade que apresentem sintomas relacionados a qualquer uma das doenças devem realizar um teste genético de diagnóstico. A Mendelics, laboratório que desenvolveu o Teste da Bochechinha, tem exames genéticos para o diagnóstico de doenças de várias especialidades.


Referências

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