Fibrose cística: entenda como é o diagnóstico e o tratamento
A fibrose cística (FC) é uma doença genética que afeta múltiplos órgãos, principalmente pulmões e pâncreas. Mais de 70.000 pessoas no mundo tem fibrose cística. A maioria delas são diagnosticadas na infância.
Embora a FC seja crônica e grave, os avanços no tratamento tem permitido uma grande melhora na expectativa e qualidade de vida dos pacientes.
Testes genéticos têm sido fundamentais para o diagnóstico precoce e tratamento da doença. Um exemplo é o Teste da Bochechinha que é capaz de identificar bebês com alto risco de ter a doença antes mesmo de qualquer sintoma.
Quer saber mais sobre a fibrose cística e a importância do testes genéticos para o diagnóstico e tratamento da doença? Leia mais abaixo.
O que causa a Fibrose Cística?
A fibrose cística é uma doença genética causada por alterações nas duas cópias do gene CFTR, que fornece as instruções para produzir a proteína CFTR. Somente pessoas que herdaram o gene “defeituoso” da mãe e do pai desenvolvem a doença. A FC é, portanto, uma doença genética com padrão de herança recessivo.
Quando a criança herda apenas um gene “defeituoso” (do pai ou da mãe), considera-se que a ela é “portadora” (do inglês, “carrier”). Portadores não têm sintomas da doença, porém podem transmitir o gene alterado para seus filhos. Muitas pessoas não sabem que são portadoras de alteração no gene CFTR e só descobrem quando tem um filho com a doença.
Entenda como as doenças genéticas são herdadas.
Já foram identificados mais de 2.000 alterações no gene CFTR que causam a fibrose cística. Algumas delas, como a “F508del”, são encontradas em milhares de pessoas, porém outras são extremamente raras e identificadas em poucas pessoas no mundo. Em pessoas sem a doença, a proteína CFTR atua como um canal que controla o fluxo de cloreto (um componente do sal) e água nas células do pulmão, pâncreas e de outros tecidos.
Em pessoas com FC, o gene produz uma proteína CFTR que não é capaz de exercer a sua função corretamente. O resultado é um desequilíbrio de sal e fluidos dentro e fora das células, originando um muco espesso e pegajoso que causa os sintomas da doença.
Quais são os principais sintomas da Fibrose Cística?
- Nos pulmões, o aumento na viscosidade e muco bloqueiam as vias aéreas causando tosse persistente, infecções pulmonares recorrentes (pneumonia e bronquite), chiados no peito ou falta de fôlego, lesões pulmonares e insuficiência respiratória.
- No pâncreas o muco pode atrapalhar a liberação de enzimas essenciais para a digestão, causando diarreia, dificuldade de ganhar peso e baixa estatura.
- A quantidade anormal de sal nas secreções corporais, especialmente no pulmão e no pâncreas, leva a perda de sal pelo suor, sintoma característico da doença.
Fibrose Cística: como é feito o diagnóstico da doença?
A FC é uma doença que se manifesta ainda na infância e que precisa ser tratada o mais cedo possível, por isso, é uma das doenças incluídas no Teste do Pezinho do SUS.
A triagem da FC é baseada em um teste bioquímico chamado tripsina imunorreativa (IRT). Quando positivo, o resultado do Teste do Pezinho deve ser confirmado pelo “Teste do Suor” ou pelo “Teste Genético do CFTR”.
O Teste Genético analisa o DNA do paciente para buscar alterações no gene CFTR. Esse é o teste mais preciso e confiável para identificar a doença, tanto em bebês assintomáticos quanto em pacientes de qualquer idade que tenham algum sintoma da doença.
A realização do teste genético também é altamente recomendada para pessoas que tenham histórico familiar da doença.
Como será discutido no tópico a seguir, o resultado do teste genético é fundamental para o uso dos “moduladores”, uma nova classe medicações que está revolucionando o tratamento da doença.
Como é feito o tratamento da Fibrose Cística?
Os avanços no tratamento da doença vêm garantindo uma grande melhora na expectativa e qualidade de vida dos pacientes. Nos Estados Unidos, por exemplo, a expectativa de vida de 2003 a 2018 aumentou de 32.8 para 44.4 anos.
O tratamento da FC inclui acompanhamento médico regular, reposição de enzimas pancreáticas, dieta específica, suplementação vitamínica, uso de broncodilatadores, antibióticos, anti-inflamatórios e fisioterapia respiratória.
Nos últimos anos foram desenvolvidos medicamentos “moduladores” (do inglês, “modulators”) que “corrigem” versões defeituosas da proteína CFTR.
Ao tratar diretamente a causa da doença, em vez de apenas controlar os sintomas, os “moduladores” permitem que o paciente com Fibrose Cística viva por mais tempo e com mais qualidade de vida.
Uma vez que alterações genéticas causam defeitos diversos na proteína CFTR, os pacientes precisam saber quais alterações no CFTR possuem, e assim entender qual a terapia “moduladora” seria mais eficaz. Por isso, o exame genético é essencial.
Por que o Teste da Bochechinha é importante para o diagnóstico precoce da Fibrose Cística?
A FC é uma das mais de 340 doenças investigadas no Teste da Bochechinha. O teste complementa o Teste do Pezinho básico oferecido pelo SUS.
Utilizamos a moderna técnica de sequenciamento de nova geração para analisar o DNA do bebê e buscar alterações no CFTR e em centenas de outros genes.
Bebês com alto risco de desenvolver fibrose cística, identificadas em nosso teste, podem iniciar precocemente o acompanhamento médico e tratamento da doença. Quanto mais cedo diagnóstico e o início do tratamento, maior a qualidade de vida do paciente.
Meu filho tem suspeita de Fibrose Cística, posso fazer o Teste da Bochechinha para confirmar o diagnóstico?
O Teste da Bochechinha é um teste de triagem neonatal.
Quando a criança (ou pessoa de qualquer idade) tem algum sintoma de FC ou o recém-nascido teve o resultado do Teste do Pezinho positivo para FC, recomenda-se realizar um exame genético de diagnóstico para confirmar a suspeita.
A Mendelics oferece exames para o diagnóstico de fibrose cística, incluindo o Painel de Doenças Tratáveis e o Exame de Sequenciamento do Gene CFTR. Converse com seu médico!
Quer saber mais sobre o Fibrose Cística e o Teste da Bochechinha? Deixe sua pergunta nos comentários abaixo ou entre em contato com a nossa equipe pelo telefone (11) 5096-6001 ou através do nosso site.
Referências
- https://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/programa-nacional-da-triagem-neonatal/fibrose-cistica-fc
- https://www.cff.org/What-is-CF/Diagnosed-With-Cystic-Fibrosis/
- https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/6233/cystic-fibrosis
- Ong T, Marshall SG, Karczeski BA, et al. Cystic Fibrosis and Congenital Absence of the Vas Deferens. 2001 Mar 26 [Updated 2017 Feb 2]. In: Adam MP, Ardinger HH, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2020. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1250/
- https://www.cff.org/Research/Researcher-Resources/Patient-Registry/2018-Patient-Registry-Annual-Data-Report.pdf
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